Destaques Mestre Zuza, de Tracunhaém recebe honraria da Câmara Municipal do Recife

Mestre Zuza, de Tracunhaém recebe honraria da Câmara Municipal do Recife


Os Votos de Congratulações e Aplausos são um reconhecimento pelos seus 50 anos de carreira dedicados ao ofício do artesanato em barro, que colocou Pernambuco e o Brasil na rota internacional das artes ceramistas

Nesta segunda-feira (18), véspera do Dia do Artesão, o Mestre Zuza, de 65 anos, natural da cidade de Tracunhaém, na região da Zona da Mata Norte do Estado, recebeu, da Câmara Municipal do Recife, por meio da vereadora Liana Cirne, do PT, Votos de Congratulações e Aplausos. A honraria é um reconhecimento aos seus 50 anos de carreira dedicados ao ofício do artesanato em barro, que colocou Pernambuco e o Brasil na rota internacional das artes ceramistas. A condecoração também é um homenagem pelo titulo de Notorio Saber em Cultura Popular, que ele recebeu da UPE.

“Estou muito feliz pela homenagem da Câmara Municipal do Recife. Um gesto que vou levar por toda minha vida. Tenho amor pela minha arte, mas, sobretudo, por saber que, em cada uma delas, há pouco de nosso amor, carinho e identidade do nosso povo” disse, o Mestre Zuza, com olhos marejados de alegria após a sessão.

“É um grande orgulho poder fazer esse reconhecimento aqui na nossa Câmara Municipal do Recife. Tenho muito respeito e admiração pelo seu trabalho. Inclusive, sou fã de uma das mais importantes de suas obras, a Nossa Senhora Jesus do Cristo crucificado”, afirmou a parlamentar.

Mestre Zuza é santeiro, nome dado a quem produz santos de barro. As peças do mestre tem características únicas, e não se assemelham com o padrão religioso europeu. Os santos confeccionados à mão, feitos com água, argila preta, vermelha e queimadas em fogo à lenha, trazem características inspiradas na identidade afro-indigena. Fazem parte de sua coleção estátuas de São Francisco, Santa Terezinha, Nossa Senhora de Fátima, entre outros.

Considerado um dos maiores artistas da atualidade, Mestre Zuza usa objetos do seu dia a dia para dar forma, traços e identidade de suas obras, como palitos de churrasco e canetas de escritórios, por exemplo, para dar vida aos seus santos. Todo o trabalho é pautado na proposta de valorizar a arte popular e a pobreza. Alguns santos usam roupas que lembram os cocares dos índios. O barro utilizado na confecção é escuro, para lembrar o povo escravizado.

Já as roupas imitam a renda de bilro – de origem do século XVI, trazidas da Bélgica. O que, de certa maneira, faz lembrar reis e rainhas do Maracatu Rural – Patrimônio Cultural do Brasil, e que tem origem na Mata Norte. Outro elemento que dá detalhes das vestimentas de suas obras são os traços da estopa – fibra têxtil cultivada no Egito antigo, por volta do século IV, que remontada em barro e água, simboliza o voto de pobreza.

Os santos feitos à mão pelo Mestre Zuza são de produções únicas. Cada peça é uma obra de arte inédita. Afinal, por ser um trabalho manual, elas não se repetem. Mas, uma das de suas obras que mais se destaca é a ” xipófagas”, criação de sua imaginação, que lembra um conjunto de imagens ligadas pela cabeça.

Carlos Peruca 20 mar 2024 - 9:55m

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