Destaques É carnaval: Que saudade dos confetes e serpentinas na folia de minha alma. Por Flávio Chaves

É carnaval: Que saudade dos confetes e serpentinas na folia de minha alma. Por Flávio Chaves


Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor, poeta e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/MincO café-da-manhã está posto. A casa é puro lirismo fantasiado de passados alegóricos. No sofá, ainda coberta de purpurina, a colombina com os seios nus repousa serena como se ali já lhe fosse um canto familiar. Ela chegou o Momo mandou chamar.A cidade enfeitada de confete e serpentinas pelo chão parece calma, casais ébrios voltam para casa dançando frevo no silêncio da manhã; o galo de Seu Zé Pereira anuncia o nosso beijo que reverbera no calor da multidão. Ainda chove, ainda sou aquele primeiro carnaval que me fantasiei de ilusão e por muitos carnavais tirei do baú a saudade para desfilar nos salões que foram meu e dela. Erguíamos o flabelo para espantar, da nossa folia, o agouro dos invejosos. A inepta força tentava, inutilmente, silenciar nossa poesia e conter nossos confetes.Espero-te, sentado, na mesa para nosso café, depois de tanto tempo ainda sei fazer sua comida preferida da manhã.  Coloquei flores sobre a mesa, um café forte para a ressaca e dois poemas – como era de costume. Selecionei o frevo que nos embalou no nosso primeiro carnaval porque ao acordar darás aquele sorriso de sempre; só para deixá-la avisada que nossos serpentinas ainda se espalham nos ares da folia embalados pela canção de Antônio Maria. “aí saudade, saudade tão grande..”Abro os olhos e corro à janela. A cidade está frenética, pessoas correm contra o tempo para seus afazeres cotidianos. Onde estão as serpentinas?Nesse carnaval serei tua lembrança, entrarei no frevo da avenida vestido de amor e tua dança contigo dentro de mim. E eu ainda de saudades pegando em tuas mãos na ilusão de quem canta nos carnavais todo refrão que diz assim: ” vem, menina, com tuas purpurinas trazer tua doçura de alfenim no bloco da retina que só enxerga a ti.”Volto-me e vejo o sofá vazio, a mesa posta e um passado cuja ausência é um frevo-de-bloco ecoando tua presença na casa vazia. O café-da-manhã será posto amanhã e depois. Um dia, ela volta aos salões vestida de amor e serpentina na folia do sonho e do abraço.  Garantem os búzios que um dia entrarás por esta porta mesmo que o destino e os malditos tentem nos contrariar, nossa felicidade estará em páginas de jornais. Pensar no  amor, a lembrança me traz frenesi.

Carlos Peruca 29 jan 2024 - 22:53m

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