Destaques Fundarpe realiza atividades em Triunfo para elaboração do Exame Técnico de Tombamento Estadual do Núcleo Histórico

Fundarpe realiza atividades em Triunfo para elaboração do Exame Técnico de Tombamento Estadual do Núcleo Histórico


Ações aconteceram entre a terça (23/09) e esta quinta-feira (25) com programação destinada a entrevistas, pesquisas em acervos locais, reuniões com a comunidade, além de levantamentos e registros fotográficos

Em mais um importante passo para a elaboração do Exame Técnico de Tombamento do Núcleo Histórico da Cidade de Triunfo, técnicos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), órgão do Governo do Estado de Pernambuco, realizaram, nesta semana (23 a 25/09), uma série de atividades no município que tem o Theatro Cinema Guarany como um ícone do audiovisual e das artes cênicas do Sertão do Pajeú. As edificações emblemáticas do centro da cidade representam não apenas um valor arquitetônico significativo, mas também vínculos profundos com a memória, com os costumes e com a identidade cultural da população triunfense. Em parceria com a Prefeitura de Triunfo e com a sociedade civil, os técnicos da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC) da Fundarpe, Roberto Carneiro, Isabela Duarte e Mateus Couto, cumpriram uma agenda de entrevistas, pesquisas, levantamentos bibliográficos, escutas e rodas de diálogo com a comunidade, além de levantamentos físicos e registros fotográficos com drone para mapeamento do Núcleo.

A programação incluiu entrevistas com agentes e personalidades que atuam em diversos setores do município, a exemplo de André Vasconcelos, secretário de Turismo e Cultura; Miriam Pereira, secretária de Educação; Bruna Florie, secretária da Mulher, e a diretora de Obras, Janine Ferreira. Também houve encontros com representantes e gestores de equipamentos culturais e espaços de destaque na cidade, como Alexsandro da Silva, do Theatro Cinema Guarany; Bruno Alves, do Sesc; Consuelo Timóteo, da Casa das Almas; e João Bosco, do Centro Cultural Casa dos Caretas e também membro da Associação de Turismo. Os técnicos visitaram, ainda, o Quilombo de Águas Claras, situado na Zona Rural de Triunfo, com a presença de estudantes do EJA do Sítio Fortaleza, onde entrevistaram Gilda Ferreira e Paula Ferreira (representante mirim do Quilombo).

Durante os três dias de imersão na pesquisa, a equipe da Fundarpe também realizou encontro com moradores do Alto da Boa Vista, na Casa dos Caretas, e facilitou roda de diálogo com moradores do Bairro do Rosário. Houve visita ao acervo do Convento São Boaventura, onde entrevistaram Marcos Moisés, responsável pela organização e guarda do material histórico. A programação contemplou entrevistas com Rogério Carvalho, presidente da Associação de Comércio do Município de Triunfo (ACMT); Dona Leidinha, comerciante tradicional da cidade; Rochael Melo, arquiteto; Diana Rodrigues, educadora e pesquisadora; Teco de Agamenon, representante da classe artística; e o Mestre Nino Abrãao, brincante dos Caretas e também representante da classe artística de Triunfo.

Essas ações buscam ouvir diferentes setores da sociedade, levantar informações históricas e registrar de forma detalhada o patrimônio urbano e cultural de Triunfo, fortalecendo o caráter participativo do processo.

“O processo de tombamento do Núcleo Histórico de Triunfo é mais do que um ato de preservação arquitetônica. Estamos falando da salvaguarda de uma memória que se entrelaça com a identidade, com os costumes e com a força simbólica de uma das cidades mais emblemáticas do Sertão pernambucano. Cada entrevista, cada pesquisa, cada diálogo realizado ao longo do Exame Técnico reafirma o compromisso do Governo do Estado de Pernambuco em garantir que a história e a cultura triunfenses sejam reconhecidas e preservadas para as próximas gerações”, ressalta a presidente da Fundarpe, Renata Borba.

Sobre Triunfo – A cidade, conhecida por seu acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico que remonta aos séculos 19 e 20. O seu Núcleo Histórico, encontra-se em processo de tombamento estadual desde 2010 (Processo nº 0405107-8/2010), a partir de proposta do Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Fundarpe.

Com base na Lei Estadual nº 7.970/1979 e no Decreto nº 6.239/1980, os bens em exame já recebem a mesma proteção legal que os tombados em definitivo. Assim, a Fundarpe atua na preservação de uma área de cerca de 357 mil metros quadrados, definida pelo Plano Diretor da cidade como Zona Especial de Preservação do Núcleo Histórico (ZEPNH).

Localizado no Sertão do Pajeú, Triunfo carrega uma das histórias mais ricas e singulares do interior pernambucano. Seu nome é resultado simbólico de uma antiga disputa territorial. Originalmente chamada Baixa Verde, a povoação prosperou rapidamente graças à criação de uma feira local, o que gerou atritos com a poderosa família Campos Velhos, do município vizinho de Flores. Após um confronto direto, os moradores da Baixa Verde saíram vitoriosos e, em sinal de conquista, rebatizaram a comunidade como Triunfo.

A vila foi oficialmente criada em 1870 e elevada à categoria de cidade em 1884, se destacando nas décadas seguintes como um importante polo econômico e cultural da região. De acordo com a historiadora Diana Rodrigues Lopes, no final do século 19 e início do 20, Triunfo concentrava plantações de café, engenhos de açúcar, fábricas de rapadura, tecidos e doces, além de forte comércio de produtos importados, que chegavam de trem até Arcoverde e seguiam serra acima em lombos de burros.

A cidade também foi marcada por experiências educativas relevantes. Em 1920, a Congregação Marista tentou estabelecer um ensino de excelência, incluindo a língua francesa, mas permaneceu apenas seis anos, devido a um surto de peste bubônica em 1926. Já no final de 1938, um grupo de nove madres franciscanas alemãs, refugiadas do nazismo, chegou ao município e fundou o Colégio Stella Maris, que se tornaria referência educacional no Sertão. A escola funcionou até 2004.

Outro símbolo da identidade triunfense é o Açude João Barbosa, localizado na entrada da cidade. Construído inicialmente em 1850 pelo Frei Caetano Messina e ampliado ao longo dos anos, o açude tornou-se um dos principais cartões-postais da cidade, com volume de água constante, mesmo em períodos de seca. O passeio público ao redor do açude, iniciado na gestão do prefeito João Barbosa Sitônio (1948–1952), tornou-se área de convivência e abriga hoje parte significativa do Núcleo Histórico da cidade de Triunfo, que reúne edificações de grande valor arquitetônico e cultural, espalhadas pelas encostas suaves da cidade.

Triunfo também abriga um de seus maiores símbolos culturais: o Theatro Cinema Guarany. Tombado pelo Estado em 1988, por meio do Decreto Estadual nº 13.091/1988, o espaço foi restaurado e entregue à Prefeitura em 2002. Desde então, segue como um dos principais pontos de encontro da população, mantendo viva a memória cultural da cidade.

Com um cenário que combina patrimônio, memória e natureza, a cidade de Triunfo segue sendo um dos destinos mais emblemáticos do Sertão pernambucano.

Como funciona o tombamento estadual – Atualmente, Pernambuco conta com 113 bens tombados em âmbito estadual, além de outros 64 em processo e 94 tombados em nível federal, herdados conforme a lei 7.970/1979.

O Estado de Pernambuco possui um Sistema de Tombamento estruturado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), que atua como órgão gestor; pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC/PE), que delibera sobre os processos; e pela Fundarpe, responsável pelo suporte técnico.

A abertura do processo pode ser solicitada por qualquer cidadão, proprietário, organização não governamental, órgão público ou privado, grupo de pessoas por abaixo-assinado ou pela própria Diretoria de Preservação Cultural da Fundarpe, como também pode ser realizada diretamente pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural – CEPPC. Para isso, é necessário informar localização, propriedade, características do bem e justificar a relevância do tombamento, anexando, por exemplo, documentos como fotos, registros cartoriais e plantas arquitetônicas.

Após a formalização, a Secult-PE decide em até 48 horas sobre o prosseguimento do pedido. Sendo deferido, o processo é aberto, publicado edital no Diário Oficial e comunicado ao proprietário, que tem prazo para se manifestar. A partir da publicação, o bem já está protegido legalmente contra alterações ou destruição, mesmo antes da decisão final.

Na sequência, uma equipe técnica da Fundarpe realiza pesquisas e emite parecer fundamentado, que é encaminhado ao CEPPC/PE. Caso aprovado, o parecer segue para homologação da governadora do Estado por decreto publicado em Diário Oficial. O bem, então, é inscrito no Livro do Tombo correspondente, garantindo sua preservação oficial.

Carlos Peruca 26 set 2025 - 8:59m

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