Com peças que dialogam entre passado e presente, fé e revolta, a exposição se apresenta como um alerta sobre a ausência de fronteiras entre devoção e violência..O Cais do Sertão recebe, a partir de 21 de agosto, a exposição “Dramaturgia da Terra: Oratórios de Outrora / Oratórios de Agora”, do artista Sérgio Bello, com curadoria de Pedro Alb Xavier. A mostra itinerante chega ao Recife pela primeira vez e ficará em cartaz no Cais do Sertão até 30 de setembro de 2025.

“A proposta da exposição parte da força simbólica e histórica dos tradicionais oratórios, ícones presentes em diversas religiões, mas apresentados de forma distinta do que se associa ao seu sentido tradicional”, explica Sérgio Bello. “Em vez de relíquias sagradas, as obras guardam feridas abertas, raízes arrancadas em alusão às cicatrizes da Terra”, completa. E convoca: “Façamos preces diante do oratório da Santíssima Árvore Genealógica da vida, para que nossos brotos não vinguem já nascendo com sapatos nos pés.”

Com peças que dialogam entre passado e presente, fé e revolta, “Dramaturgia da Terra” surge como um alerta sobre a tênue fronteira entre devoção e violência. A exposição, de forte impacto visual e simbólico, se conecta a diferentes perfis de público e estabelece uma sinergia direta com a mostra permanente do museu.

Segundo Bello, a instalação cria um ambiente em que a natureza, embora dilacerada, resiste e se vinga. Altares insurgentes, trincheiras de barro e aço, explosões de matéria viva e elementos barrocos atravessam o espectador com intensidade estética e sensorial. “Quem entra nesse pesadelo não é plateia, é cúmplice ou vítima”, reforça o curador Pedro Alb Xavier, definindo a obra como um choque entre o sagrado e o profano.

A abertura (vernissage) acontecerá em 21 de agosto de 2025, das 16h às 22h, na Caixa de Poesia do Cais do Sertão, marcando o primeiro contato do público recifense com a instigante poetização visual de Sérgio Bello e abrindo um diálogo imediato com as camadas emocionais e simbólicas da mostra.