Destaques Sintepe realiza debate internacional sobre as ameaças da extrema-direita à educação e como combatê-las

Sintepe realiza debate internacional sobre as ameaças da extrema-direita à educação e como combatê-las


O Sintepe realizou um importante encontro internacional em seu auditório no último dia 27 de agosto. O encontro reuniu pesquisadores de cinco países e debateu o avanço da extrema-direita em âmbito global e seus impactos na pesquisa científica.

Na abertura, a presidenta Ivete Caetano reforçou o caráter global da luta por direitos. “A luta pelo direito à educação é global e precisa ser enfrentada com união entre movimentos sociais, sindicatos e instituições acadêmicas”, declarou. Ela ainda denunciou o ataque sistemático à ciência, às universidades públicas e ao direito à educação como bem universal. Para Ivete, ao analisarmos este momento histórico de ataques da direita e da extrema-direita, é preciso fazê-lo com a perspectiva do “esperançar”, citando o educador pernambucano Paulo Freire. “Uma esperança que nos faz agir e realizar atividades analíticas como esta, mas nunca, esperar parados. Lutar sempre”, disse.

A mesa foi coordenada pela professora Dalila Andrade Oliveira, coordenadora do Instituto Nacional de Política Educacional e Trabalho Docente (INCT Gestrado), sediado na Universidade de Minas Gerais. Os palestrantes apresentaram experiências de seus países, mostrando que os ataques da extrema direita à educação seguem um padrão internacional.

Reconhecido internacionalmente por seus estudos sobre currículo e reformas educativas, o professor da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), Thomas Popkewitz, analisou como o “trumpismo” (movimento político liderado por Donald Trump) afetou as universidades americanas. “As universidades americanas, antes símbolos de diversidade, estão sendo moldadas para defender uma agenda de medo, controle e divisão”, alertou.

Especialista em sociologia da educação e processos globais, Susan Robertson, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), destacou como a direita instrumentaliza a educação superior no Reino Unido e no mundo. “O ensino superior tem sido transformado em mercadoria global, sob influência de políticas conservadoras que reduzem a autonomia e fortalecem interesses de mercado”, observou.

Pesquisador da Universidade de Strasbourg (França), com profundo estudo comparativo de sistemas educacionais, Romuald Normand, apontou como o ultra-nacionalismo tem penetrado no campo educacional no seu país. “A direita na França não só questiona o papel das universidades, mas redefine a educação como um terreno para a afirmação de valores nacionalistas e conservadores”, destacou. O professor destacou também que elites políticas e econômicas capturaram espaços de decisão e passaram a direcionar os sistemas educativos conforme seus interesses. “Transformaram a educação em um instrumento de reprodução das desigualdades. É nesse cenário que a escola passa a ser um território de disputa: de um lado, a tentativa de conservar privilégios; de outro, a necessidade urgente de formar cidadãos críticos capazes de enfrentar as injustiças históricas”, alertou.

O professor da Universidade de Lisboa e referência em Ciências da Educação, Luís Miguel explicou como a extrema direita em Portugal vem alterando a autonomia acadêmica. “O ataque à autonomia acadêmica e a reconfiguração da pesquisa em função de interesses políticos são características do novo modelo de extrema-direita em Portugal”, explicou.

A pesquisadora argentina em políticas educacionais e sociais, Nora Gluz, da Universidade de Buenos Aires (Argentina), expôs o retrocesso vivido em seu país sob o governo de Javier Milei, com pautas alinhadas à privatização e aos EUA. “A extrema-direita não está apenas atacando a educação pública, mas promovendo a privatização do saber e do bem-estar”, afirmou.

O evento alertou para o avanço da extrema-direita além da questão ideológica, mas em ataque coordenado contra as conquistas democráticas e aos avanços históricos ligados ao acesso ao conhecimento. A troca de experiências mostrou que os desafios vividos por docentes e pesquisadores em diferentes países estão conectados e precisam ser enfrentados coletivamente.

Encerrando a atividade, Ivete Caetano fez um chamado à mobilização. “Este é um momento crucial para o futuro da educação no mundo. Precisamos unir forças para resistir a esses retrocessos e garantir que o conhecimento continue sendo um bem acessível a todos”, concluiu.

Já a professora Dalila Oliveira, que coordenou a mesa, ressaltou que o Brasil tem papel fundamental no equilíbrio das democracias na América Latina. “Não adianta só o Brasil se desenvolver. Não adianta cuidarmos só da democracia no Brasil. Nós precisamos cuidar também de todos os países da região, das nossas fronteiras, porque a gente tem que pensar essa região como uma ‘pátria grande’. É isso que a nossa história nos ensina”, concluiu.

Todo o debate pode ser acompanhado no link https://youtube.com/live/LbRHlk_1D2c?feature=share

Carlos Peruca 02 set 2025 - 17:38m

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