
Festival São João Sinfônico comemora com Petrúcio Amorim os 40 anos de carreira do artista
Projeto artístico relê obras clássicas sob arranjos eruditos em apresentações do poeta com as convidadas Solange Almeida, Flaira Ferro, Joyce Alane, Letícia Bastos e As Januárias
Nome imprescindível para a musicografia nordestina e brasileira, o cantor e compositor Petrúcio Amorim chega aos 40 anos de carreira fonográfica, que serão comemorados em dois shows no Festival São João Sinfônico, em 17 e 18 de setembro, no Instituto Ricardo Brennand, dentro da programação de 23 anos do espaço cultural. A anfitriã é a Orquestra de Câmara de Pernambuco, capitaneada pelo maestro José Renato Accioly, que receberá o homenageado e convidadas especiais. Os ingressos já estão à venda, pelo site Guichê Web.
Com a proposta de conferir novas roupagens às músicas do artista caruaruense de Vassoural cuja relação com a música começou aos 9 anos, essa edição terá participações de Solange Almeida (ex-Aviões do Forró) e Joyce Alane, na primeira noite, e de Flaira Ferro, Letícia Bastos e As Januárias, na segunda. Ambas terão o sanfoneiro Beto Hortis como solista e ainda o Balé Cultural de Pernambuco. Cada data terá uma atração erudita para a abertura: o Quinteto Parambuco, grupo de sopros, e o violonista Renato Bandeira, respectivamente. Nas duas datas, haverá concertos-aula, realizados às 15h30.
O marco dos 40 anos é o lançamento do LP “Doce pecado”, que mesclava rock, xote, afoxé, baião, toadas e galopes. “Quando eu penso nos 40 anos de álbuns, passa um filme na minha cabeça. É uma estrada de altos e baixos, de muito ‘não’, mas também de ‘sim’. De muito trabalho, persistência e luta, não foi fácil. Eu aprendi que não é só você gostar da música, é também a música gostar de você. Eu tentei de tudo na minha vida antes, mas só caía na música”, recorda o artista, que trabalhou como serralheiro e ajustador mecânico e chegou a ingressar na Aeronáutica. Largou para se dedicar à música, para o desespero, à época, da irmã mais velha.
Os arranjos sinfônicos, executados por uma orquestra formada por 31 músicos, é o grande diferencial do São João Sinfônico, projeto apoiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE) e que conta com patrocínio da Agemar. “A ideia é, ao misturar a tradição junina com a tradição da música sinfônica, a gente potencializar a beleza desses dois universos. Nos novos arranjos, a gente muitas vezes tira o ritmo da dança para que a gente possa apreciar, degustar de uma forma mais profunda a letra, a melodia e a beleza poética da música”, explica o diretor artístico, o maestro José Renato Accioly.
O repertório contempla clássicos obrigatórios nos shows de Petrúcio, como “Tareco e mariola”, “Anjo querubim”, “Meu cenário”, “Confidências”, “Parte da minha vida” e “Filho do dono”, e várias outras canções significativas para o artista. O desafio de selecionar as composições dentre as mais de 200 escritas por ele está sendo minuciosamente desenvolvido em encontros do maestro com o homenageado. Além disso, as convidadas puderam escolher canções marcantes dentre o vasto repertório costurado pelo poeta, cujos primeiros versos foram escritos ainda na infância.
“Homenagear Petrúcio Amorim nos 40 anos dele é um prazer, privilégio, uma honra, mas é também uma obrigação para um festival como o São João Sinfônico. Petrúcio é um dos maiores compositores de música junina, uma dos maiores compositores populares do nosso estado. O São João Sinfônico não poderia deixar isso passar”, comenta a produtora Carla Navarro, idealizadora do festival. “A gente tem que celebrar essa música que tem tanta poesia e harmonia bonita e às vezes a gente não escuta porque está no calor de dançar nosso forrozinho. É hora de a gente sentar, ouvir e se emocionar”, avalia.
Além das apresentações musicais, a quarta edição do São João Sinfônico mantém o caráter formativo com dois concertos-aula. São abertos a pessoas de qualquer idade, com ou sem conhecimento técnico prévio em música, e os ingressos são retirados na hora. Nos encontros, o maestro José Renato Accioly mostra os sons e desvenda os segredos de cada instrumento separadamente, como peças de um quebra-cabeça que, quando montadas, formam uma obra-prima. É uma experiência singular para entender como eles se reúnem nos naipes das orquestras e criam as harmonias.
Festival São João Sinfônico
Criado em 2017 pela produtora Carla Navarro, o São João Sinfônico teve outras três edições, sempre com uma etapa formativa e outra de performance. Sob direção artística de José Renato Accioly, propõe um formato singular e especial às músicas juninas, com instrumentos eruditos. O projeto já recebeu mais de dez artistas convidados, como Quinteto Violado, SaGRAMA, Silvério Pessoa, Maciel Melo, e teve o registro audiovisual exibido no cinema.
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