
Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha tem shows de Tássia Reis e Clara Potiguara no Espaço Cultural
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha será comemorado na Paraíba com shows de Tássia Reis (SP) e Clara Potiguara (PB), nesta sexta-feira (25). A abertura fica por conta da performance de Sistah’s Selectas, que também fará interações nos intervalos. O evento gratuito começa às 19h30 e tem como palco o Teatro de Arena do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa.
A ação é uma realização do Governo do Estado, por meio da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) em parceria com a Secretaria da Mulher e Diversidade Humana (Semdh), como parte da programação do Mês da Mulher Negra.
Tássia Reis – Completando 11 de carreira musical, Tássia Reis é considerada uma das grandes vozes da nova música brasileira e vem acumulando êxitos que expressam as dores e as delícias da existência, sem clichê, com senso de humor e pouca simpatia pelo status quo. Tássia foi indicada ao Grammy Latino em 2022, na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa, com a faixa Baby 95, da qual faz parte do time de compositoras. Traz em sua bagagem autoral uma discografia rica e plural: Ep Tássia Reis, 2013; Outra Esfera, 2016; Próspera, 2019; Próspera D+, 2021; Bem Longe do Fim, 2024, Topo da Minha Cabeça, também em 2024.
O novo projeto de Tássia Reis registra um ensaio de movimentos introspectivos e reconexão com sua ancestralidade. O quinto álbum em sua discografia marca também o seu retorno para si mesma sendo versado ao longo de 10 faixas. Com produções de Barba Negra, EVEHIVE, Felipe Pizzu, Fejuca e Kiko Dinucci, e participações especiais de Criolo e Theodoro Nagô, Topo da Minha Cabeça sintetiza as misturas que foram sendo costuradas pela artista paulista ao longo do processo, unindo o Soul, Samba, Rap, Drill, Funk, R&B, Jazz e muito mais por um olhar afrofuturista.
Trazendo uma grande herança da cultura afro-brasileira, particularmente o samba e o pagode, somada a uma forte influência de artistas que representam, em diferentes vertentes musicais, a cultura black em toda a sua magnitude, indo de Erykah Badu a Beyoncé e Rihanna, passando por ícones nacionais brasileiros como Djavan e Alcione, a artista, reconhecidamente uma das vozes de rap mais proeminentes do Brasil, se permite explorar outros caminhos.
Clara Potiguara – Natural de Baía da Traição (PB), no território indígena Potiguara. Clara Potiguara é cantora, compositora e ativista que se destaca na música popular. Engajada no movimento indígena, representante da juventude Potiguara da Paraíba na Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME). Também colabora com causas ambientais, territoriais e LGBTQIAPN+. Iniciou sua trajetória artística em 2020, e desde então tem se apresentado em diversos festivais e feiras. Além disso, foi uma das finalistas do VI Festival de Música da Paraíba e contribuiu na criação de importantes produções culturais em seu território.
Recentemente, recebeu indicação ao Prêmio Shell de Teatro 2025 na categoria Melhor Música pela trilha sonora da peça ‘Tybyra – Uma Tragédia Indígena Brasileira. É a primeira vez que uma artista paraibana alcança esse patamar de reconhecimento em uma das premiações mais importantes do teatro nacional. A indicação, feita pelo exigente júri de São Paulo, é um testemunho da excelência e do impacto de sua obra. Clara Potiguara concorre ao lado de nomes como Juçara Marçal, Tulipa Ruiz e Arnaldo Antunes.
Sistah’s Selectas – É um experimento musical feminino desenvolvido a partir da pesquisa dentro da sonoridade jamaicana e suas vertentes, fundado pelo duo de seletoras Juba e Bruta em outubro de 2023, transita pelo reggae roots, dancehall, dub, ska, steppas e música brasileira, tendo seu ponto de encontro na paixão pela Cultura Soundsystem, movimento que possibilitou nos guetos jamaicanos, na Inglaterra e no Maranhão acesso ao reggae em seu vasto universo de estilos e propostas, através de grandes caixas criadas manualmente, comunicação, manifesto, dança e diversão. Sistah’s é um coletivo musical que atua dentro da Cultura Soundsystem de forma independente, buscando valorizar a produção cultural feita por mulheres.
Data – A definição do 25 de julho como Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi feita a partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. No Brasil, a data virou Lei nº 12.987/2014 e foi sancionado pela ex-presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.
Assim como Tereza, outras mulheres foram e são importantes para a nossa história. Com trabalhos impecáveis e perseverança, elas deixaram um legado, que cabe reverenciarmos e visibilizarmos a emancipação das mulheres negras, como forma de homenagear; Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, entre tantas outras.
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